O Blog Mais lido da região Central

O Blog Mais lido da região Central
Informação e descontração todo dia, o dia todo

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

1 ano após a tragédia de Santa Maria veja os relatos das vitimas

"Foi desesperador. Vi umas 20 pessoas morrerem"
Ricardo Felipe Rodrigues Lemos, 26 anos, trabalhava em um estacionamento próximo à boate Kiss quando aconteceu o incêndio. Ele disse que ouviu uma gritaria, mas viu que o incidente era grave quando três rapazes pediram ajuda. Ricardo correu para ajudar os feridos, que saíam "desnorteados" da casa noturna, gritando por socorro. "Fui socorrendo como podia. Joguei água em algumas das pessoas que saíram desesperadas, ajudei como pude até que as equipes de resgate chegassem", afirmou.

Os socorristas orientaram Ricardo a conversar com as vítimas para tentar evitar que elas desmaiassem. "Os paramédicos pediram pra eu tentar manter as pessoas acordadas. Eu falava: 'cara, fala comigo! Olha pra mim! Fica comigo!', mas foi desesperador. Vi umas 20 pessoas morrerem. Foi um negócio muito, muito triste", contou ele

"Poderia ser a minha família sofrendo agora"
O estudante de administração Leandro Ozório, 21 anos, estava na boate Kiss, em Santa Maria, quando começou o incêndio, e disse que percebeu o fogo logo no início. "Eu estava bem na entrada, a poucos passos da porta. O meu amigo estava comigo, viu o fogo e me mostrou. Quando olhei, os integrantes da banda estavam tentando apagar, mas o fogo tomou conta (do palco) muito rápido. Vi que eles não conseguiriam apagar e resolvi sair", disse o jovem.

Leandro confirmou que os amigos mais próximos estavam bem e, sem ter ideia da dimensão da tragédia, foi para casa. "Dormi e, quando acordei, já falavam em mais de 150 mortos! Eu poderia ter morrido", disse o estudante. "Poderia ser a minha família que estaria sofrendo agora. Sinto um peso com tudo isso", afirmou Leandro, que acredita que nunca mais irá esquecer aquela noite. "Tu esqueceu os desastres dos Estados Unidos com as Torres Gêmeas? O terremoto no Haiti? A gente não esquece. E isso que, nesses casos, a gente não estava por perto, não estava no momento. Aqui, eu estava presente. É complicado".

"Na hora do incêndio, ele estava no banheiro"
O estudante Lucas Oliveira, 20 anos, foi à boate Kiss na noite de sábado para comemorar o aniversário da namorada, Yasmim, 19 anos. Porém, pouco antes do início do incêndio, ele foi ao banheiro, onde morreu asfixiado pela fumaça. "Ele estava com a namorada dele, que comemorava seu aniversário, mas na hora que deu o incêndio ele estava no banheiro. Ela conseguiu escapar ilesa", disse o tio do jovem, Dirnoé Santos. O estudante, que era apaixonado pelas tradições gaúchas, foi velado em um caixão coberto pela bandeira do Rio Grande do Sul.

"Era para eu estar lá"
Foi o pai de João Vitório Tavares, 19 anos, que impediu o estudante de ir à boate Kiss na noite de sábado. "Os guris já tinham me ligado umas sete vezes para ir para a Kiss, já tinha até me arrumado, mas meu pai trancou o pé na porta e não me deixou sair. Acabei dormindo e fui acordado por várias ligações me perguntado se eu estava bem", disse o jovem, que perdeu pelo menos três amigos no incêndio. "Poderia ter sido eu, era para eu estar lá. (...) A ficha ainda não caiu, não sei como pode ter acontecido uma coisa dessas", afirmou João.

Indignação "com o descaso"
Roberta Hardtori, 23 anos, perdeu pelo menos duas amigas e dois amigos na tragédia da boate Kiss. No domingo, a jovem descreveu o que sentia como indignação: "com tudo, com as autoridades, com o descaso, falta de preparo, estrutura". Roberta acredita que as mortes farão com que haja mais fiscalização nas casas noturnas. "Acho que os pais também vão ficar mais preocupados com os filhos, já que essa é uma cidade universitária", disse ela.

"Estou traumatizado"
O analista de sistemas Max Müller, 33 anos, filmou as cenas de horror em frente à boate Kiss após o incêndio e disse que não consegue esquecer de nada. "O que está no vídeo é 10% do que eu vi. A situação piorava à medida que a noite passava", disse. "Estou traumatizado. Vi vítimas com um lado do rosto derretido, pessoas que tentavam ajudar fazendo massagem cardíaca sem saber, quebrando ossos", afirmou Max. "É horrível ver tantos mortos, garotos, no chão, pessoas chorando, outras vomitando, sem conseguir respirar. Alguns arrancavam roupas para fazer massagem, mas nem todos estavam aptos a isso", disse o analista de sistemas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário